segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Clave de Dó

Dessa vez não aconteceram pedestais, longas mensagens de amor ou qualquer olhar que nos monstrasse qualquer tipo de sentimento.
Tu não eras nada mais que uma melodia constante no clímax de teu espetáculo e por ter sido tão constante que infelizmente tuas notas em baixa escala não obtiveram poder algum de fazer sequer uma batida mais forte em meu peito.
Tua música soava instinto humano.
Meu.
Teu.
Nosso.
Nos fazíamos mãos, pés, saliva, suores, uma, duas, três, quarto vezes ou quantas fossem necessárias pra que eu entrasse no ritmo e decorasse as notas repetitivas da tua partitura.
Eu fazia de ti, alguém que me trazia calor nas madrugadas em que me fadava ao tédio.
Tu fazias de mim, um rostinho bonito a ser colocado na sua longa lista de mulheres com as quais te deitaste.
Tu eras vendaval e eu precisava de calmaria.
Tu eras melodia fácil de ser aprendida e eu precisava da dificuldade que faria meu coração agonizar por dias e noites, até que eu escutasse aquela junção de notas raras chamada AMOR.
Tu eras sexo e eu me fiz sexo para te chamar de amor.
Tu eras exatamente o que eu não precisava.
Minha Clave de Dó.


[Clave de Dó por wikipédia: "Esta clave não tem o mesmo uso das demais. Sua utilização não permite determinar a altura das linhas e espaços da pauta. Serve apenas para indicar que a clave será utilizada para representar instrumentos de percussão."]