quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Pronomes possessivos


Eu não sei ser de ninguém porque já sou de todo mundo.
Sou da onda do mar que te leva com a correnteza.
Sou do som do vento frio que bate a tua porta.
Sou do calor do sol nos dias de verão.
Sou da natureza.
Sou das palavras que voam para que um dia façam sentido.
Sou da lágrima que rola.
Sou do drama que se estende.
Sou minha.
Sou da pele que arrepia em tua presença.
Sou da dor que se sente em tua ausência.
Sou tua.
Sou do bem que a humanidade tem fome.
Sou do mal que me tira o sono.
Sou deles.
Sou pronome possessivo, artigo indefinido, frase sem sentido.
Sou livre pra ser o que quiser e só isso já me basta.

domingo, 16 de outubro de 2011

Do pó à caminhada


Fundo do poço, mais uma vez. E como tantas outras vezes eu lancei bandeira branca. Desacreditei, chorei e desisti.
As perspectivas se reduziram a zero. Os sonhos viraram pesadelos e eu nem me consigo lembrar onde foi que tudo começou a dar errado.
Eu simplesmente sentei, esperei por um milagre e quando percebi que não viria me entreguei ao mais baixo nível que um ser humano pode chegar.
Nos meus olhos só liam-se as palavras: angústia e dor. E na minha boca nem uma só palavra conseguia ser pronunciada.
Eu era pó.
Sentimentos fragmentados e decepções exacerbadas.
Todavia, era apenas um caminho que eu estava deixando. Havia milhares me esperando para escolhê-los.
Parei de sentir pena de mim e chorar pela dor que latejava no meu peito.
Eu sempre tive a grande habilidade de ressurgir das cinzas e de dobrar a aposta quando a vida duvidava de mim.
Clichê, como o sou, eu não poderia fugir a regra.
Podem apedrejar,  atear fogo, afogar-me em minhas próprias mágoas, de alguma forma eu sempre renasço, mais forte, mais Tamara. Sempre com aquela mesma alegria que você conheceu,  aquele sorriso que sempre diz “vai dar certo”.
Eu nasci pra iluminar, eu, você e pode vir a toda uma multidão. Tem Tamara pra todo mundo, tem coração pra todo mundo. Tem amor, que sobra, transborda, doa, compartilha, oferece e ama.
Renasci dos pontos finais somente para encher minha vida de vírgulas. Transforma-la em parágrafos. Encerrar capítulos e começar um novo.
Eu vim aqui hoje apenas para varrer a fuligem, encher meu coração de esperança e ter fé de que  dessa vez os ventos soprem ao meu favor.
Pegue seu tênis! É tempo de caminhar, mais uma vez.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Sorria


Porque quando eu sorrio, trago em mim todo peso do mundo, todavia trago também toda a leveza de um nascer do sol que me diz que o amanhã sempre virá.
Quando sorrio, trago em mim toda a alegria que posso, porque sei que o simples esticar dos meus lábios pode mudar o dia de alguém.
Quando sorrio e rio de uma bobagem qualquer, sei que ali no meu riso, meu pranto se faz pequeno. Mínimo.
 Sorrio porque sei que por mais falso que meu sorriso seja, é ele que me faz caminhar como se cada dia eu escolhesse um novo caminho.
Quando sorrio, também estou te afirmando que a vida é boa, que ela muda mais rápido que uma simples troca de roupa em um dia quente, após um banho gelado.
E mesmo com todos os problemas eu ainda sorrio, porque sei que somente esse meu sorriso  amarelo pode curar a dor de te ver ir, chegar, ir novamente e finalmente me deixar.
Então eu sorrio, porque sempre gostei de conquistar o mundo, por mais duro que seja, por mais breve que seja, por mais meu que eu o possa tornar.


Assim, jogo a mochila nas costas mais uma vez...

terça-feira, 27 de setembro de 2011

E quem não tem seu vício que atire a primeira pedra


Existem viciados em drogas e álcool. Existem aqueles que são completamente viciados em academia. Existem os viciados em beleza. Os viciados em doces, sexo, viagens, malabarismo, entre tantos que eu passaria o dia citando todos os tipos de vício que podem dominar o ser humano, por mais estranhos que sejam. O meu vício é diferente, sou viciada em coração. Ah esse inefável coração que vira e mexe procura por uma batida mais forte, que sofre e se recupera tão rápido quanto um corte no dedo.

Eu faço e desfaço histórias de amor com uma facilidade descomunal. Abraço, beijo, me apaixono, entro em crise, me desapaixono, me sinto desgarrada, abraço, beijio....É um ciclo que estou fadada até o fim dos meus dias e não reclamo. Eu sinto emoção em cada história, vivencio até o ultimo resquício de sentimento que ela pode me proporcionar, e quando acaba, simplesmente acaba, com dor, algumas lágrimas e logo mais uma imensa vontade de que aconteça de novo, de que surjam novas pessoas, novos sentimentos, um novo click.
E se vale a pena tanta dor? Claro que vale. Todo viciado em droga sente prazer quando a droga entra no corpo, claro que também sente a abstinência quando o efeito termina, mas aquele prazer único e exclusivo está ali.
Eu sou feita do romance, das histórias de livro, do brega, clichê, piegas. Eu sou feita de coração pulsando incansavelmente cada vez que pensa na possibilidade da sua presença.
Não fique triste ou chateado se eu te abandonar ou se um dia você me deixar. Assim como você se foi, outros virão e como prêmio de consolação, eu dou a dica bem baixinho, sussurrando ao seu ouvido: “Eu aceito voltas”.  Afinal quem nasce pro amor, adora um bom drama.
Enquanto isso vá dar uma volta, se alimentar do próprio vício. Eu não espero por você desde que percebi que a única coisa com que tenho que me preocupar em relação a nós está dentro de mim, batendo devagarinho, esperando aquela batida mais grave aparecer.
Seja feliz.
Eu, sem dúvidas, sou.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Depois que você me mandou limpar os óculos


A mesa rodava, as luzes insistiam, os barulhos iam cessando como um prêmio e as pessoas tentavam me aquecer. Eu sabia que estava sendo amada, talvez como nunca em toda a minha vida. Mas só tinha olhos para os pêlos do seu braço. Eu olhava como quem não olha e me dizia baixinho: olha eles lá, olha lá os pêlos que eu tanto amo sem mais e sem fim. 
Matei finalmente a saudade do seu dedão. Seu dedão meio largo, meio torto, com a unha que preenche todo o dedão. Eu amo o seu dedão, amo sua unha meio roxa, amo a semicircunferência branca que sai da sua cutícula e vai até o meio da sua unha, amo a sua mão delicada que sai de um braço firme. Amo que os pêlos da sua mão pareçam meio penteados de lado. 
É isso, sei lá, mas acho que amo você. Amo de todas as maneiras possíveis. Sem pressa, como se só saber que você existe já me bastasse. Sem peito, como se só existisse você no mundo e eu pudesse morrer sem o seu ar. Sem idade, porque a mesma vontade que eu tenho de te comer no banheiro eu tenho de passear de mãos dadas com você empurrando nossos bisnetos. 
E por fim te amo até sem amor, como se isso tudo fosse tão grande, tão grande, tão absurdo, que quase não é. Eu te amo de um jeito tão impossível que é como se eu nem te amasse. E aí eu desencano desse amor, de tanto que eu encano. 
Ninguém acredita na gente: nenhum cartomante, nenhum pai-de-santo, nenhuma terapeuta, nenhum parente, nenhum amigo, nenhum e-mail, nenhuma mensagem de texto, nenhum rastro, nenhuma reza, nenhuma fofoca e, principalmente (ou infelizmente): nem você. 
Mas eu te amo também do jeito mais óbvio de todos: eu te amo burra. Estúpida. Cega. E eu acredito na gente. Eu acredito que ainda vou voltar a pisar naqueles cocôs da sua rua, naquelas pocinhas da sua rua, naquelas florzinhas amarelas da sua rua, naquele cheiro de família bacana e limpinha da sua rua. Como eu queria dobrar aquela esquininha com você, de mãos dadas com os pêlos penteados de lado da sua mão. 
Outro dia me peguei pensando que entre dobrar aquela esquininha da sua rua e ganhar na mega-sena acumulada, eu preferia a esquininha. A esquininha que você dobrou quando saiu da casa dos seus pais, a esquininha que você dobrou chorando, porque é mesmo o cúmulo alguém não te amar. A esquininha que você dobrou a vida inteira, indo para a faculdade, para a casa dos seus amigos, para a praia. Eu amo a sua esquininha, eu amo a sua vida e eu amo tudo o que é seu. 
Amo você, mesmo sem você me amar. Amo seus rompantes em me devorar com os olhos e amo o nada que sempre vem depois disso. Amo seu nada, apenas porque o seu nada também é seu. 
Amo tanto, tanto, tanto, que te deixo em paz. Deixo você se virando sozinho, se dobrando sozinho. Virando e dobrando a sua esquininha. Afinal, por ela você também passou quando não me quis mais, quando não quis mais a minha mão pequena querendo ser embalsamada eternamente ao seu lado.




TEXTO LINDO DA TATI BERNARDI *.*

domingo, 18 de setembro de 2011

O nascer do sol



De todas as incertezas, bifurcações, medos, tristezas, a única certeza que me restou é o amanhã. Porque eu sei que quando o sol se põe, a noite é fria, amedronta, assusta e me faz agonizar encolhida em minha cama quase sempre. A madrugada me faz lembrar tudo que eu quero esquecer, mas no final (que na verdade é um começo), o sol vem novamente. Nascendo no horizonte, iluminando novos caminhos e me dando a convicção de que um dia quando eu o ver nascendo meu peito estará cheio de amor, felicidade e paz.
Enquanto isso, eu pego meu casaco, minhas meias encardidas, sento olhando pro céu, esperando a fria madrugada passar e vejo a cada dia a ferida fechando um pouco mais.
Vem pra mim Sol, seu lindo. Vem findar meu pranto, vem trazer aquele sorriso que eu luto tanto para que saia e permaneça.
Eu estou aqui de braços abertos a te esperar.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A Porta Aberta



Eu queria mesmo é olhar nos seus olhos e dizer tudo aquilo que está engasgado aqui, mas eu não consigo. A sonoridade das palavras faz doer. Mais.
Eu já estava acostumada a ver as malas arrumadas, a ver as costas sem um mero adeus. Eu era apenas consciente de que ali havia um sentimento meu e só meu. Com você tudo foi diferente, eu vi suas malas prontas, vi você partir logo após saber tudo o que sentia por mim. Eu respeitei, eu ainda respeito, mas não aceito. É tão mais fácil lidar com apenas o meu coração machucado, porém é extremamente difícil curar a ferida quando um pedaço seu ainda vive comigo. É difícil olhar nos seus olhos sabendo que me quer como eu te quero e algo nos impede.
Como olhar pra você, sorrir ao responder  “tudo bem” e tentar fingir que nada aconteceu, que devemos voltar lá no início quando apenas a amizade nos sustentava? Como eu paro e digo “coração, pare de sentir”? Explique-me como você fez para que eu faça igual.
É a primeira vez que eu estou de mãos atadas, dizendo adeus à um sentimento que você não me permite sentir. É a primeira vez que eu deixo alguém que deu um pedacinho pra mim, sem ao menos tentar.

Agora eu permaneço aqui, sentada, suportando minha própria dor e tentando escutar “era tudo mentira, Tamara”, mesmo sabendo que não virá.

Para você, eu deixo apenas essa carta que não é de despedida, que não implora pra você voltar. É apenas uma carta de desabafo meu, que ainda diz que respeita tudo o que você me disse um dia, mas que mesmo assim não me deixa desistir do que sinto por você.
Para você, eu ainda estou deixando a porta aberta pra que se um dia você voltar, entre sem bater.
Só não negue a você mesmo que você ainda sente tudo aquilo por mim, que você ainda quer me apertar nos seus braços e me fazer pequena debaixo deles.
Só não deixe que seja tarde demais.

domingo, 17 de julho de 2011

Anyway


Eu me cansei de vendaval.
Cansei-me da tua poesia amarga, da tua barba mal feita e daquele teu jeito de me dizer “relaxa”.
Eu te esperei durante dias. Olhei para o teu maldito pedestal durante horas, tentando dizer “olha eu estou aqui”. É uma infelicidade que tu não me vejas, aliás não sei porque eu coloquei minhas expectativas em ti, uma vez que tu não consegues olhar nada além do teu espelho.
Eu me nutri dos resquícios de amor que tu me davas. Das tuas palavras sempre iguais e ilusórias. Cheguei ao limite do que um ser humano pode chegar quando quer alguém que nem sabe se vale tanto a pena como dizia a propaganda. Eu entrei em furacão, gostando de calmaria.
Agora eu venho oficialmente te entregar meu aval: Eu desisto de ti.
Antes mesmo dizeres que me achas fraca por tal decisão, eu te digo: Desculpe-me, mas aqui o amor próprio fala mais alto.
Pode ir, sem ti eu já sabia caminhar mesmo.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

"Como uma onda no mar"

A correnteza me arrastou e eu só consegui pensar que seria o meu fim. Eu já tinha passado por isso. Já tinha machucado uma vez. Eu já sabia o final e mesmo assim de alguma forma toda aquela ressaca do mar me alimentava.
Era naquele vai-e-vem de abraços, carinhos, mãos, pernas, braços, fígado, coração que eu encontrava extremo prazer. Era aquela falta de ar que me fazia sentir como se meus pulmões estivessem lotados de algo que os impedisse de funcionar. Mesmo assim eu só conseguia sentir felicidade.
Era você. Me arrastando contigo até onde eu não sabia se poderia chegar, ao extremos do que eu poderia sentir. As borboletas no meu estômago renasciam e eu nada fiz para evitar, não dava.
Era você.
Tão de repente meu, me fez tão de repente sua, que mesmo sabendo onde isso iria acabar eu me deixei levar.
Danem-se as consequências, as malditas palestras que me mandaram ser mais eu e não repetir os mesmos erros.
Me leva contigo maresia, que até do mar eu já aprendi a gostar.

Enquanto eu continuo travada, posto um texto da linda da Tati Bernardi que tem realmente me feito bem.
Desculpa Tati, mas eu roubei porque parece meu.



"Sou pessoa de dentro pra fora. Minha beleza está na minha essência e no meu caráter. Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, sonho alto. Estou aqui é pra viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente.
Sou isso hoje...
Amanhã, já me reinventei.
Reinvento-me sempre que a vida pede um pouco mais de mim.
Sou complexa, sou mistura, sou mulher com cara de menina... E vice-versa. Me perco, me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar...
Não me dôo pela metade, não sou tua meio amiga nem teu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos. Sou boba, mas não sou burra. Ingênua, mas não santa. Sou pessoa de riso fácil...e choro também!"

quarta-feira, 16 de março de 2011

Aniversário


O meu sério problema em assumir o controle de uma vida adulta, me fez odiar completamente meus aniversários. Começou com uma desilusão em um deles e depois nunca mais admirei o bendito 15 de março.
Esse ano eu realmente quis me esconder, dizer que estava doente, entrar nas cobertas e esperar esse dia passar. Foi quando lembrei que hoje fazem 22 anos que eu sai da barriga da Dona Rute, e alí as 20:45 da noite, eu nasci de dentro da minha melhor amiga.
Realmente o aniversário não era meu, o aniversário sempre foi nosso. De repente me deu uma vontade de sair correndo de volta pra minha cidade de origem e enchê-la de beijos.
A vida adulta me negou e eu novamente passei odiar aniversários por me manter longe da minha preciosidade.
Como um capítulo de um seriado falido de televisão, eu até que acabei tendo um dia feliz. Meu amigos tão queridos, me deram parabéns, levaram bolo no trabalho e até entonaram o meu odiado parabéns e a graças a todas as pessoas que compõem uma parte de mim, com 22 anos eu sorri. Não pela idade que avança, mas por todo bem que ganho de presente em cada ano.
Obrigada, eu jamais seria a mesma Tamara sem as peças fundamentais que fazem parte do meu ser.
22 anos, não muito bem aceitos, mas já que chegaram....

segunda-feira, 14 de março de 2011

É carnaval.


É carnaval, meu amor.
Joga teus confetes, tuas serpentinas, bota o samba no pé e deixe a noite te levar.
Eu fico aqui, olhando a tua felicidade, recolhendo a bagunça e me preparando novamente pra entrar nesse mundo.
Não tenho mais dor por ti, mas tenho medo que ao sair desse meu casulo apareçam outros como tu.
É carnaval, meu amor e eu dispenso as serpentinas. Me faço pequena na minha cama macia, tampo os ouvidos e peço pra solidão ir embora.
Afinal, é carnaval, mas eu ainda não consegui retornar ao mundo real.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011



Eu sou poesia. Sou Clarice. 
Eu sou Virgem, Capricórnio, Peixes e uma constelação inteira.
Sou seu sonho mais bonito. Seu pesadelo monstruoso.
Não passo de uma menina, porém dou passos de mulher.
Me fadei ao amor e isso me basta.
Vivo dos ápices, dos declínios, mas nunca de planícies.
Abri os braços pra liberdade e me encolhi quando me prendeste.
Salvo vidas, mas não salvo almas.
Sou um poço de intensidade.
Sou o clichê que a vida oferece.
Na verdade?
Eu sou menos do que você imagina e muito mais do que você precisa.
Reflita.